quinta-feira, 1 de setembro de 2011

VOCAÇÃO OU PROFISSÃO?


A história nos encaminhou a dividir nossa vida. 
Para facilitar o manejo com algo tão complexo como o viver, dividimos.
Tudo foi dividido: religião e estado, ciência e religião, clero e leigos.

Você já percebeu como o estado está separado da nação?
O governo está devendo bilhões, é a afirmação que mais ouvimos. 
Podemos perguntar: - quem está devendo?

Nós não conseguimos pensar unificado, antes nos enchemos de vidas: vida familiar, vida conjugal, vida financeira, vida profissional, vida sentimental, vida íntima, vida religiosa. É como se tudo isto fosse algo à parte de nós mesmos.
- Estou bem, mas a minha vida íntima; ou familiar...

O grande problema em dividir nossa vida está no fato de que estas vidas todas requerem uma vida inteira de investimento; de dedicação, isto é, todas elas precisam ser vividas. Neste conceito, ao invés de facilitar, a coisa está complicando, pois antes eu tinha apenas uma vida para viver e agora, eu tenho várias. Elas, todas elas, requerem a pessoa por inteiro, e a pessoa é uma só. O que fazer com tantas vidas?

Para conseguir sobreviver somos obrigados a separar: Não leve negócios para casa, não traga problemas de casa para a empresa. Não misture ou haverá falência, seja pessoal ou empresarial.

 Agora que já nos acostumamos a pensar e viver divididos, a história quer mudar nosso paradigma; diz ela: VAMOS UNIR! É necessário unificação dos povos, da política, da economia, do mercado. Ouvimos termos como: mercado comum, moeda única, ecumenismo, esforço nacional, fusão de empresas, encontre o seu eu.

Por causa desta divisão, as pessoas têm que eleger uma prioridade e investir nela, isto para não ficar louca. Evidentemente as outras áreas não priorizadas com certeza exigirão. Haverão cobranças e isto resultará em FRUSTRAÇÃO.

A prioridade de nossa sociedade atual é a profissão, por causa do mercado e da sobrevivência, e também da cultura de consumo.
Os pedagogos, professores, os profissionais da educação podem testemunhar:
Pais deixam seus filhos na escola pensando no sucesso, no mercado e não no desenvolvimento pessoal de seus filhos.,
Participei de várias reuniões de pais e mestres e sei o que estou dizendo: Tanto que a maioria dos filhos são quase que abandonados na escola, e a cobrança é pelo sucesso estudantil.

- O que você será quando crescer? 
Esta é a tradicional pergunta para as crianças, pelo mundo adulto.
- Se você não tiver a profissão certa, você não será ninguém! 
Esta é a afirmação estampada na face de pais desesperados pelo competitivo mercado.
Resulta disto crianças arrebentadas e sendo cobrado da escola uma formação: BOM ESTUDANTE. Interioridade aos cacos, isto resulta em FRUSTRAÇÃO.

Por outro lado da cobrança de conteúdos, a alma requer afetos, conexões, relacionamentos, o desenvolvimento pessoal.

Acabamos encontrando excelentes alunos, bons profissionais, mas péssimo filho, pai ou amigo.

Parece que este se torna o tom do desenvolvimento humano, pois as amizades ou até mesmo a fidelidade, parte de uma ótica profissional - de mercado, se trazem vantagens bem, se não, são descartáveis.

Agora imagine ter vida com Deus neste contexto? Mais uma vida? Isto resulta em MAIS FRUSTRAÇÃO. Apesar da decisão em seguir e ser como Cristo, mais uma neurose está estabelecida = A RELIGIOSA.

É necessário buscar a integração do ser.
Quando na prática você se perceber como um ser único e com um único Deus, mais de meio caminho já foi andado.

Quando a bíblia fala sobre chamado, ela faz referência a VOCAÇÃO CELESTIAL. Isto não é etéreo, mas sim um desafio:
Seja na terra como um celestial. Como isto?
Seja gente, humano. O cidadão celestial que conhecemos foi profundamente humano. Ser a imagem de Cristo não é ser religioso, mas sim, corresponder com a imagem para a qual existo, a imagem e semelhança de Deus, no caso, Cristo.

VOCAÇÃO CELESTIAL É UM CHAMADO PARA SER GENTE.

Não ser burro de carga, um tirano, bruto, irracional ou déspota. É um chamado para viver uma vida que transborda.

Por isso, cada um precisa responder:
Quais as coisas que lhe roubam a doçura?
Quais as coisas que estão lhe tornando insensível, frio e conseqüentemente amargo, frustrado?

Para resolver com a frustração você precisa antes de agir, ter princípios de humanização própria e do outro.

Você está se dedicando à profissão e no referencial da vocação celestial, ela está lhe transformando em que?

O grande chamado ministerial é o principal foco de Deus: Fazer de você uma excelente pessoa.  Antes de você ser um excelente profissional, ser uma excelente pessoa.

Para Deus tanto faz se você é publicitário, médico ou vendedor, o importante é quem você é como pessoa. A isto chamamos ministério.

Alguns exemplos podem ajudar:

Neemias é o garçom do Rei, uma pessoa excelente. Sua tristeza chega a incomodar o rei. Ele é sensível pois, chora pelo povo, apesar dele desfrutar das benesses que alguém de confiança em um palácio desfruta.

Cornélio é um militar do reino de ferro,Roma, mas compadece-se dos miseráveis. Apesar de toda sua formação para ser duro, apesar de todas as suas milhares de tarefas, apesar de sua importância, ele é gente e busca a vontade de Deus.

Quando sua prioridade não é alguma área de sua vida, mas sua vida, você precisa convidar Deus para participar de tudo. É muito comum Deus só participar da área profissional das pessoas para abençoar o desempenho, nisto somos gratos e até dizimistas, mas este não é o chamado de Deus. Neste esquema Deus vira um departamento da realização profissional, como se isto fosse tudo. Facilmente nos sentiremos devedores à Deus, pois desta maneira prática das disciplinas espirituais  não têm espaço e levam à frustração: não consigo orar, ler a bíblia, etc...

Quando você elege como vida uma ou outra área apenas, você irá se tornar deficitário, manco, isto será frustrante.

Quando você elege a vida, para ser sua vida, a tendência é existir equilíbrio, e os equilibrados são considerados os felizes e realizados.

Quando você entende esta vocação celestial o trabalho na igreja, deixa de ser uma obrigação mas uma ferramenta importante de formação e transformação da humanização. É um trabalho humanizador, conscientizador, de respeito humano.

Na igreja todos são iguais, trabalham e não recebem recompensa como no mercado, é algo entre você e Deus para o bem comum.

Podemos comparar por exemplo com o namoro ou família, pois nenhum deles resiste, ou se sustenta sendo um adendo da área profissional, ou mesmo ministerial.

Dentro da chamada - a vocação celestial temos: as diversas profissões e os ministérios.

Para a concretização da vocação celestial, Deus distribui os dons como um cuidado com o ser humano integralmente: espírito alma e corpo.
O cardiologista tem um ministério com o coração, o dentista com os dentes, os psicólogos com a mente, o pastor com o espírito.
É assim que podemos entender e perceber o quanto todos carecemos da graça de Deus, para desempenhar aquilo pelo qual nos dedicamos, pois Deus quer cuidar do ser humano por inteiro, e levanta os diferentes profissionais a fim de que canalizem suas forças e energias para o outro. Tudo é obra de Deus, façamos pois.

A igreja é essencial para todos e tem uma diferença: nela todos perdem o título, e todos devem concretizá-la.